Google+

quarta-feira, outubro 30, 2013

Análise: DmC Devil May Cry

Analisado por Redhellc



Um novo começo
Em 2010, fomos introduzidos a um novo Dante, que faria parte do reboot do franchise no seu jogo seguinte, e em 2013 foi isso que tivemos. DmC é um recomeço total da série, não só em termos de história, mas também em termos de jogabilidade, aparência, etc. Enfim, um Devil May Cry totalmente novo. O estúdio que foi “escolhido” para fazer o jogo foi a Ninja Theory, um dos jogos que fazia parte do novo projeto da Capcom em que estes são feitos por estúdios fora da empresa.
Bem, muitas pessoas sabem do fiasco que foi a campanha de promoção do jogo, visto que, para além de ser mal direccionada, a falta de consideração de certos indivíduos em relação aos fãs também não ajudou. Mas debaixo desta pilha de estupidez, talvez haja alguma coisa de valor, talvez…      


Nem tudo é o que parece  
Desta vez, a história começa com Mundos, o rei dos demónios, que nesta versão é um homem de negócios que controla o mundo através de dívidas. O seu domínio está quase completo, com a exceção de um pormenor: Dante, o filho do demónio Sparda. Considerado um traidor, pois apaixonou-se por um Anjo, teve dois filhos nephilim, Dante e Vergil. Mas Mundos apenas conhece Dante… infelizmente, também não é isso que faz com este possua um apreço especial pelo seu filho. Afinal, qual é o problema que Mundos tem com Dante? Bem, as lendas dizem que a raça nephilim é a única capaz de derrotar um rei demónio. Mas, infelizmente para Mundos, quando este atacou Sparda e o seu amor, Dante e, consequentemente, Vergil desapareceram, com a sua Mãe a ser morta e Sparda a ser banido para sempre.
Aqui é-nos apresentado Dante, que acabou de ser finalmente descoberto e agora é perseguido por Mundos. Com a ajuda de uma rapariga, Kat, este consegue escapar por pouco e os dois juntos reencontram-se com o seu irmão. Ambos relembram Dante do seu passado e este decide contra-atacar Mundos e destruir o seu império.
A história é, sem dúvida, mais focada no mundo real que a outras, mas é aí mesmo que começa a sua falha porque, mesmo tentando ser mais realista, acaba por soar ainda mais irreal. Ao longo do tempo, também nos começamos a aperceber de muitos buracos e incoerências que a história contém que nunca são explicados. Este é o problema da história que tenta soar demasiado épica para o seu próprio bem, chegando mesmo algumas vezes a soar ridícula.
Agora vamos para o pior problema da história: as personagens, pelo menos as principais. Dante não tem nada ver com o Dante original, em vez de ser um mercenário com escritório que desfruta do que faz e consegue tirar um bom partido mesmo das situações piores, parece agora um vagabundo com uma caravana que se está completamente a marimbar para o mundo e que apenas o decide salvar por vingança pessoal. Vergil também está um pouco desviado do personagem original, sem honra e muito amistoso. Kat parece apenas que está ali para criar uma relação amorosa que, ainda por cima, soa um pouco forçada. Mundos não está muito mau, é uma representação diferente, mas continua o mesmo ser maligno que era no primeiro jogo.
Última queixa, o uso excessivo de asneiras é desnecessário e soa muito forçado. Quer dizer, só por exemplo, é estranho ter um ser como Mundos a vangloriar-se como um Deus com um linguagem cuidada numa parte da frase para, na mesma frase, tê-lo a mandar insultos asneirentos a Dante.


SSSuper fácil
Como já disse na introdução, este jogo também recebeu uma renovação na jogabilidade. Uma coisa que se nota primeiro é que o jogo foi mais simplificado para uma audiência mais geral. Com isto em conta, o jogo apresenta-nos uns quantos combos baseados nos jogos anteriores para a arma principal, rebelion, e as novas armas são agora acessíveis clicando num dos botões L1(LB) ou R1(RB), sendo possível mudá-las a meio de um combo tornando a progressão na barra de estilo muito mais fácil. O uso das armas como as pistolas foi reduzido, devido à sua ineficácia contra os inimigos. O jogo também contêm 3 tipos de desvios, mas devido à sua posição no comando, eu raramente me via a usá-los. No meu caso, preferia utilizar uma das habilidades das outras armas que, ou traziam o inimigo até a mim, ou me levavam a ele. E estilos, nem vê-los! Temos exatamente o mesmo estilo de combate o jogo todo. O combate é definitivamente mais rápido que nos outros jogos, mas ao mesmo tempo com menos profundidade que nos outros.
Em relação aos inimigos, existe variedade, mas muitos são derrotados da mesma forma, com uns poucos a conseguirem ser consideravelmente diferentes. Os mais irritantes são aqueles que só podem ser derrotados com uma certa arma dependendo da cor deles. Os bosses na realidade são bastante bons e é um ponto onde acho que o jogo faz melhor em relação aos jogos anteriores. São interessantes e diferentes com estratégias habituais, mas com uma sensação diferente em cada um.
A exploração foi cortada, agora os níveis são compostos por uma composição mais direta e com mais zonas de plataformas. Nada de puzzles ou procurar utensílios para abrir a porta o que o separa dos jogos antigos. Neste, todas as zonas bloqueadas podem ser consecutivamente desbloqueadas ao derrotar os inimigos todos presentes, com uma ou outra exceção. Ao menos posso dizer que os momentos de plataformas são bem-feitos, e divertidos.
Os utensílios são praticamente os mesmos que nos outros jogos, e tal como no último jogo, são comprados (ou encontrados) com orbs, enquanto a evolução da personagem é reservada a uns pontos dados pela prestação em jogo. Faz sentido, mas continuo a pensar que fica mal num jogo de Devil May Cry.

      
Destrutívelmente Bonito
Os gráficos são muito bons, especialmente no PC, e estão muito à altura dos tempos atuais. Em relação ao aspeto, o jogo passa-se quase todo no limbo, uma versão retorcida do mundo dos humanos. O aspeto deste é sem dúvida espetacular com algumas secções bastante memoráveis, mas o jogo passa demasiado tempo neste, acabando por começar a perder o seu brilho inicial. Em relação às personagens, continuo a achar estúpido o aspeto do Dante, mas tenho que admitir que os detalhes e as animações das personagens estão muito bons. Só tenho pena que não siga o estilo que os jogos originais iniciaram, com uma atmosfera mais virada para o suspense e terror.
A banda sonora também é um pouco diferente, com estilos de música que variam de rock a dubstep. Eu acho que assentam bem no jogo, mas falham um pouco o estilo de um Devil May Cry. 


Not Devil May Cry
Ok, então, temos a história que é mais ou menos, com uns tiros ao lado no desenvolvimento da mesma e uma falha muito grande nas personagens originais. A jogabilidade, embora divertida, até a certo ponto, quando se tenta explorar um pouco mais, sente-se as falhas no combate. O corte na exploração também não ajuda que, juntamente com a abundância de secções de plataformas, destroem um pouco a sensação de Devil May Cry. Da mesma forma, o ambiente e a banda sonora retiram ainda mais do pouco que ainda havia de Devil May Cry, com uma atmosfera mais aberta e caótica. Ao menos posso dizer que a atmosfera que apresenta é bem conseguida.
      Concluindo, eu considero o DmC um bom jogo no final mas, como uma experiência Devil May Cry fica um pouco atrás, pois falha em dar aquela experiência, aquela sensação pela qual é conhecida o franchise. Consigo aconselhar o jogo a pessoas que gostem do género ação hack/slash (especialmente iniciantes) mas a fãs da série e certos jogadores hardcore do género é de aproximar com precaução.

0 comments :