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segunda-feira, março 17, 2014

Análise: Sonic Lost World

Analisado Por Redhellc



Um novo mundo
Lost World é o último jogo da saga principal do ouriço azul que saiu em exclusivo para a Wii U no final do ano passado, parte do contrato de exclusividade de 3 jogos para as consolas da Nintendo. Este introduz um novo gameplay e estilo de jogo, numa nova página do franchise. E, visto que este é desenvolvido pela mesma equipa que fez o Sonic Colors na Wii, será que consegue manter a sequência de jogos bons dos últimos anos, da qual o Colors faz parte?


Os bons, os maus e os Zeti
A história começa com uma perseguição ao Dr. Eggman, com Sonic e Tails a tentarem salvar uns animaizinhos presos numa cápsula, mas o Dr. consegue fazer com que os dois se despenhem num planetoide chamado de Lost Hex. Aí, os heróis descobrem que o Dr. está a construir um exército de robôs com a ajuda dos Deadly Six, um grupo de Zeti controlados pelo Dr.. A história avança com o ouriço a fazer o Dr. perder o controlador dos Zeti, fazendo estes virarem-se contra o mesmo e revelarem o seu plano de destruírem o planeta do Sonic. Sonic e Eggman são então forçados a colaborar para acabarem com o plano dos Zeti.
A história é simples, mas mesmo assim é mais complexa do que as últimas que temos tido. Agora, complexa não significa melhor. É verdade que há um maior sentido de perigo e este é reconhecido pelas personagens ao contrário de outros jogos, mas as melhorias acabam aí. A história ainda se foca muito no humor e as personalidades dos personagens que retornam continuam intactas, para o bom ou para o mau. Os novos vilões, os Zeti, enquanto melhores que muitos outros do franchise, também não são nada de especial com poucas camadas na sua personalidade.
O que esta faz que as últimas histórias não fizeram é deixar um sentimento de que falta algo, em muitos momentos da história parece que falta uma cutscene antes que complementa a que se está a ver. E outras vezes são coisas que nunca são explicadas, como por exemplo, o que é e de onde veio o Lost Hex, como é que o Sonic e o Tails o conhecem, o que são os Zeti e quais as suas razões para destruírem o mundo do Sonic, etc, etc, etc. Mesmo que sinta que a escala da história esteja maior que nos últimos jogos, não posso dizer que esta história seja melhor que a destes.


Parkour?! PARKOUR! WOO!
O gameplay é uma das coisas que foi alterada para este jogo, baseado na ideia de dar mais controlo ao movimento do personagem. Com isto temos um controlo que nos deixa facilmente alterar a velocidade do personagem, e adequa-la ao nosso estilo e ao level design. Que é completada com uma multitude de movimentos novos e velhos, muitos deles envolvendo parkour, coisas como saltar por cima de obstáculos mais fluidamente e correr pelas paredes quando se tem velocidade suficiente, etc. Enfim, posso dizer que o movimento do personagem está muito melhor que nos últimos jogos, enquanto dá uma sensação fresca. O problema é que o jogo não faz um muito bom trabalho em explicar os controlos e movimentos possíveis, o que é uma falha grande, acontecendo algumas vezes momentos em que o jogo pensa que nós conseguimos adivinhar o que temos de fazer para avançar no nível.
Agora, no que toca ao level design, parece que foi feito por alguém com problemas de personalidade. Por um lado temos níveis que estão muito bem-feitos, em que é um prazer navegar por eles e tiram muito bem partido dos movimentos do Sonic. Outros são uma tortura para o jogador, feito de momentos em que não assentam bem com o gameplay, ou partes que só são passáveis milimetricamente, ou simplesmente alturas em que o jogo desiste e nem sequer te explica o que tens de fazer. No final, grande parte do jogo é feito de trial and error da pior maneira.
Os bosses posso dizer que estão bastante bons para um jogo do Sonic. Mesmo que estes sejam recorrentes, as suas estratégias mudam de luta para luta, não criando monotonia. Gosto especialmente de que conseguem fazer isso, mesmo com a grande quantidade de lutas que oferecem. Se bem que não estejam à espera que o jogo vos dê a mão neles. Nope, o jogador tem de descobrir qual a fraqueza de todos através de pistas e movimentos dos bosses. Em termos de variedade de inimigos, o jogo também está bem servido, com muitos e com diferentes maneiras de se derrotar.
Ainda temos o retorno dos Wisps do Sonic Colors, uns aliens que servem de power-ups, onde entra a parte de jogabilidade relacionada com o gamepad. Bem, posso dizer que enquanto há um ou outro que funciona bem, a maior parte não se controlam muito bem nem são muito divertidos.
No que toca a conteúdo opcional, o jogo até tem bastante, uns mini-jogos, um modo time-attack, e até dois modos de multiplayer, etc. O que daria muitas opções de replayability, se tivéssemos razões decentes para os jogarmos, visto que os unlockcables destes não são satisfatórios. Os modos de multiplayer também são um pouco vazios: o competitivo, enquanto divertido, não tem muitos níveis para se fazer as corridas. E o co-op é tão desprovido de gameplay que até dói, o segundo jogador apenas controla uma espécie de objeto voador que faz apenas uma ação, do estilo apanhar rings, ou fazer desacelerar o tempo. Que, ou vai prejudicar mais o primeiro jogador, ou não faz grande diferença.


Uma pintura fresca
Neste jogo também foi adotado um novo visual. Enquanto os personagens continuam iguais, o ambiente à volta deste usa agora um estilo mais simples e limpo. Um aspeto que faz relembrar os últimos platformers saídos da Nintendo, que talvez tenha sido de propósito visto que este jogo foi feito com a audiência dos mesmos em mira. Mas, pondo isso de parte, é um estilo visual que para além de proporcionar uma experiência mais fluida, também assenta bem ao franchise. Pena que o jogo também apresente um pouco de inconsistência nesse visual, quando passa das cutscenes in-game para as CGI, sendo que estas são apresentadas com o estilo dos jogos anteriores, mais detalhado.
No resto, todo o jogo assenta no mesmo estilo visual, simples e não muito complexo. O que faz às vezes com que se receba um feeling mais de um jogo da Nintendo, do estilo Super Mario, e não um de Sonic.
A música também assenta nesse estigma, falta-lhe um pouco de Sonic. Não signifique que seja má, embora alguns temas não sejam nada de especial, outros são muito bons. Ao ponto em que alguns entram numa sintonia espetacular com o ritmo dos níveis.


Direções erradas
Lost World foi um jogo muito difícil para mim de avaliar, sendo que tive grandes esperanças quando os demos foram apresentados. Aliás, se há uma parte da equipa que está de parabéns é a parte de marketing porque conseguiram sem dúvida gerar um grande hype em relação a este jogo, usando as partes certas do mesmo. O problema é que o resto não está a altura, com uma história medíocre, um gameplay sólido, mas um level design esquizofrénico. Tudo isto juntamente com uma curva de aprendizagem estupidamente difícil leva-me a admitir que o jogo é uma deceção, que nem a apresentação o pode salvar. A sua falta de identidade também não ajuda, foi tanto a pensar na audiência da Nintendo, que às vezes parece mais um rip-off de Super Mario que um jogo de Sonic.
Mesmo assim, aconselho aos fãs de Sonic e de platformers a experimentar o jogo visto que existe diversão para se tirar partido do jogo, mesmo que às vezes fruste um bocado. Todas as outras pessoas eu aviso que é preferível evitá-lo, especialmente se têm uma má imagem do franchise, dado que este não vai ser o jogo que a vai mudar. Experimentem antes o Generations que é muito melhor a vários níveis.

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