Análise: Sonic Lost World
Analisado Por Redhellc
Um novo mundo
Lost World é o último jogo da saga principal do ouriço azul que saiu
em exclusivo para a Wii U no final do ano passado, parte do contrato de
exclusividade de 3 jogos para as consolas da Nintendo. Este introduz um novo gameplay e estilo de jogo, numa nova
página do franchise. E, visto que este é desenvolvido pela mesma equipa que fez
o Sonic Colors na Wii, será que consegue manter a sequência de jogos bons dos
últimos anos, da qual o Colors faz parte?
Os bons, os maus e os Zeti
A história começa com uma perseguição ao Dr. Eggman, com Sonic e Tails
a tentarem salvar uns animaizinhos presos numa cápsula, mas o Dr. consegue
fazer com que os dois se despenhem num planetoide chamado de Lost Hex. Aí, os
heróis descobrem que o Dr. está a construir um exército de robôs com a ajuda
dos Deadly Six, um grupo de Zeti controlados pelo Dr.. A história avança com o
ouriço a fazer o Dr. perder o controlador dos Zeti, fazendo estes virarem-se
contra o mesmo e revelarem o seu plano de destruírem o planeta do Sonic. Sonic
e Eggman são então forçados a colaborar para acabarem com o plano dos Zeti.
A história é simples, mas mesmo assim é mais complexa do que as últimas
que temos tido. Agora, complexa não significa melhor. É verdade que há um maior
sentido de perigo e este é reconhecido pelas personagens ao contrário de outros
jogos, mas as melhorias acabam aí. A história ainda se foca muito no humor e as
personalidades dos personagens que retornam continuam intactas, para o bom ou
para o mau. Os novos vilões, os Zeti, enquanto melhores que muitos outros do
franchise, também não são nada de especial com poucas camadas na sua
personalidade.
O que esta faz que as últimas histórias não fizeram é deixar um
sentimento de que falta algo, em muitos momentos da história parece que falta
uma cutscene antes que complementa a
que se está a ver. E outras vezes são coisas que nunca são explicadas, como por
exemplo, o que é e de onde veio o Lost Hex, como é que o Sonic e o Tails o
conhecem, o que são os Zeti e quais as suas razões para destruírem o mundo do
Sonic, etc, etc, etc. Mesmo que sinta que a escala da história esteja maior que
nos últimos jogos, não posso dizer que esta história seja melhor que a destes.
Parkour?! PARKOUR! WOO!
O gameplay é uma das coisas
que foi alterada para este jogo, baseado na ideia de dar mais controlo ao
movimento do personagem. Com isto temos um controlo que nos deixa facilmente
alterar a velocidade do personagem, e adequa-la ao nosso estilo e ao level design. Que é completada com uma multitude
de movimentos novos e velhos, muitos deles envolvendo parkour, coisas como
saltar por cima de obstáculos mais fluidamente e correr pelas paredes quando se
tem velocidade suficiente, etc. Enfim, posso dizer que o movimento do
personagem está muito melhor que nos últimos jogos, enquanto dá uma sensação
fresca. O problema é que o jogo não faz um muito bom trabalho em explicar os
controlos e movimentos possíveis, o que é uma falha grande, acontecendo algumas
vezes momentos em que o jogo pensa que nós conseguimos adivinhar o que temos de
fazer para avançar no nível.
Agora, no que toca ao level
design, parece que foi feito por alguém com problemas de personalidade. Por
um lado temos níveis que estão muito bem-feitos, em que é um prazer navegar por
eles e tiram muito bem partido dos movimentos do Sonic. Outros são uma tortura
para o jogador, feito de momentos em que não assentam bem com o gameplay, ou partes que só são passáveis
milimetricamente, ou simplesmente alturas em que o jogo desiste e nem sequer te
explica o que tens de fazer. No final, grande parte do jogo é feito de trial and error da pior maneira.
Os bosses posso dizer que estão bastante bons para um jogo do Sonic. Mesmo
que estes sejam recorrentes, as suas estratégias mudam de luta para luta, não criando
monotonia. Gosto especialmente de que conseguem fazer isso, mesmo com a grande
quantidade de lutas que oferecem. Se bem que não estejam à espera que o jogo
vos dê a mão neles. Nope, o jogador tem de descobrir qual a fraqueza de todos
através de pistas e movimentos dos bosses. Em termos de variedade de inimigos,
o jogo também está bem servido, com muitos e com diferentes maneiras de se
derrotar.
Ainda temos o retorno dos Wisps do Sonic Colors, uns aliens que servem
de power-ups, onde entra a parte de jogabilidade relacionada com o gamepad. Bem, posso dizer que enquanto
há um ou outro que funciona bem, a maior parte não se controlam muito bem nem
são muito divertidos.
No que toca a conteúdo opcional, o jogo até tem bastante, uns
mini-jogos, um modo time-attack, e até dois modos de multiplayer, etc. O que
daria muitas opções de replayability, se tivéssemos razões decentes para os
jogarmos, visto que os unlockcables
destes não são satisfatórios. Os modos de multiplayer também são um pouco
vazios: o competitivo, enquanto divertido, não tem muitos níveis para se fazer
as corridas. E o co-op é tão desprovido de gameplay
que até dói, o segundo jogador apenas controla uma espécie de objeto voador que
faz apenas uma ação, do estilo apanhar rings, ou fazer desacelerar o tempo. Que,
ou vai prejudicar mais o primeiro jogador, ou não faz grande diferença.
Uma pintura fresca
Neste jogo também foi adotado um novo visual. Enquanto os personagens
continuam iguais, o ambiente à volta deste usa agora um estilo mais simples e
limpo. Um aspeto que faz relembrar os últimos platformers saídos da Nintendo, que talvez tenha sido de propósito
visto que este jogo foi feito com a audiência dos mesmos em mira. Mas, pondo
isso de parte, é um estilo visual que para além de proporcionar uma experiência
mais fluida, também assenta bem ao franchise. Pena que o jogo também apresente
um pouco de inconsistência nesse visual, quando passa das cutscenes in-game para as CGI, sendo que estas são apresentadas com
o estilo dos jogos anteriores, mais detalhado.
No resto, todo o jogo assenta no mesmo estilo visual, simples e não
muito complexo. O que faz às vezes com que se receba um feeling mais de um jogo da Nintendo, do estilo Super Mario, e não
um de Sonic.
A música também assenta nesse estigma, falta-lhe um pouco de Sonic.
Não signifique que seja má, embora alguns temas não sejam nada de especial,
outros são muito bons. Ao ponto em que alguns entram numa sintonia espetacular
com o ritmo dos níveis.
Direções erradas
Lost World foi um jogo muito difícil para mim de avaliar, sendo que
tive grandes esperanças quando os demos foram apresentados. Aliás, se há uma
parte da equipa que está de parabéns é a parte de marketing porque conseguiram
sem dúvida gerar um grande hype em
relação a este jogo, usando as partes certas do mesmo. O problema é que o resto
não está a altura, com uma história medíocre, um gameplay sólido, mas um level
design esquizofrénico. Tudo isto juntamente com uma curva de aprendizagem
estupidamente difícil leva-me a admitir que o jogo é uma deceção, que nem a
apresentação o pode salvar. A sua falta de identidade também não ajuda, foi
tanto a pensar na audiência da Nintendo, que às vezes parece mais um rip-off de Super Mario que um jogo de
Sonic.
Mesmo assim, aconselho aos fãs de Sonic e de platformers a experimentar o jogo visto que existe diversão para se
tirar partido do jogo, mesmo que às vezes fruste um bocado. Todas as outras
pessoas eu aviso que é preferível evitá-lo, especialmente se têm uma má imagem
do franchise, dado que este não vai ser o jogo que a vai mudar. Experimentem
antes o Generations que é muito melhor a vários níveis.
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