Análise: Castlevania Lords of Shadow
Lords of Shadow é um
jogo da série Castlevania, lançado em 2010 para a Xbox 360, PS3 e
PC como parte de um reboot da série. Publicado pela Konami,
mas desenvolvido fora desta pelo estúdio Mercury Steam que, pela
primeira vez, estava a produzir um jogo da série. Sendo este facto
um pouco óbvio, bastando apenas olhar para o estilo de gameplay
do jogo. Este estilo é mais parecido com um jogo de God of War do
que outra coisa, sendo um… “pouco” diferente do normal da
série. Mas será este diferente o suficiente para se destacar não
só como um jogo da série mas também como um bom jogo em geral?
Ora, se viram o meu
último artigo, podem talvez ter uma pequena ideia do que se vai
seguir nesta análise mas, de qualquer das formas, decidi que para
este especial da série Castlevania era importante ver algum do
passado e presente desta.
Contra os Lordes das
Trevas
Quando a história
começa, o protagonista, Gabriel Belmont, está numa missão da sua
ordem, a Ordem da Luz, para descobrir o que está a causar a
escuridão que separa o mundo dos céus. Somos guiados até um local
onde descobrimos que o mundo só pode ser salvo derrotando os Lordes
das Trevas, isto adquirindo o poder dos mesmos, segundo uma profecia.
Quem nos alerta para tal profecia é a mulher de Gabriel, a qual foi
morta pelas forças das trevas. Gabriel vê nesta jornada não só
uma oportunidade de vingar a morte da sua amada, mas também como uma
forma de a reviver com o poder conseguido, isto de acordo com mais
informação dada por um membro da ordem, Zobek, que ajudou Gabriel
na sua última batalha e se oferece para ajudar Gabriel na sua
jornada.
A história é contada na
maior parte através de narrações feitas por Zobek, que segue
Gabriel na sua viagem. Verdade que eu gosto muito de ouvir a voz de
Patrick Stewart, mas ao final de algum tempo estas narrações
tornavam-se um pouco irrelevantes, chegando ao ponto de parecem uma
forma um pouco preguiçosa de mostrar progressão na personagem de
Gabriel. A história em si não é nada demais, não foi do pior que
já vi, mas contém alguns momentos um pouco… hmm… como é que
hei-de dizer… bem, supérfluos. E por favor, nalgumas missões e
momentos do jogo podiam ter diminuído as falas das personagens, fica
irritante ao fim de algum tempo a explorar uma zona ouvir o mesmo
personagem repetir-se uma e outra vez, e outra vez, e outra vez…
No final da história
fiquei incrivelmente desapontado que tenham passado a perna aos
jogadores, com o “verdadeiro” final da história do jogo remetido
os DLC’s. Do estilo, A SÉRIO?! Quem não o tenha jogado vai ficar
um pouco à nora com a última cutscene do jogo.
Não sei bem se
Castlevania
O gameplay do jogo
é provavelmente bastante familiar para quem já tenha jogado um God
of War, dado que é bastante influenciado por este. A nossa arma
principal é ao menos o chicote conhecido da série, o Vampire
Killer, e podemos usa-lo com um ataque forte, mas focado para a
frente, e com um ataque mais fraco, mas com uma área de ataque maior
à volta do personagem, podendo-se incluir alguns combos à mistura
com estes. Nada de especial, mas é eficaz. Junta-se um pouco de
salto para algum platforming do jogo e uma defesa e desvio.
Para ajudar, temos ainda uns itens opcionais para atacar os inimigos,
e, embora um ou outro seja às vezes útil, posso dizer que muitas
vezes não são muito necessários, mas estão lá como possíveis
opções. Quando conseguimos fazer vários ataques sem receber dano,
é possível encher uma barra que faz os inimigos libertarem bolas
que recuperam uma outra grande parte do gameplay, que são as
duas magias que podem ser usadas por Gabriel. Estas convenientemente
chamadas Light e Shadow magic, quando em uso com os ataques, uma
cura-nos e a outra tira mais dano, sendo também possível
desbloquear movimentos para combinar com as magias, mas a maior parte
das vezes parecem um pouco inúteis pois consomem muita energia que
pode ser útil na sua forma mais básica na batalha. Digo isto
porquê? Bem, porque a maior parte dos inimigos do jogo têm
estratégias muito básicas e repetitivas, o que torna o gameplay
um pouco aborrecido.
Sim, a variedade de
inimigos nem é má, mas as suas estratégias são muitas vezes
similares e pouco apeladoras. E nem vamos falar dos bosses, se não
têm o mesmo problema que os inimigos normais, então são dos bosses
mais secantes e frustrantes que já vi. Isto porque a maior parte são
uma festa de QTE's (quick time events) e nada
mais. Sim, eles são grandes...umas grandes secas.
Falando em QTE's, a maior
parte do progresso dos níveis parece incrivelmente automático.
Digamos assim, a maior parte das áreas são muito limitadas em
termos de controlo da personagem. Quando temos esse controlo, este
parece incrivelmente preso, o que não dá vontade nenhuma de
explorar os níveis, que têm alguma oferta neste campo, mas nada de
especial. A pior parte é quando o jogo demora a perceber que a
câmera, que é fixa, mudou de posição e o personagem ainda está
com o controlo da outra câmera, levando a algumas quedas estúpidas.
Como é possível ver, os níveis em si não são dos melhores, uma
das formas para os tornar interessantes é o uso de puzzles, mas até
alguns destes são um pouco aborrecidos e ainda algumas vezes não
são bem explicados. Aliás, o jogo às vezes tem a tendência de
explicar coisas que talvez não precisasse, mas deixas outras passar
por completo. Mas as piores partes destes níveis são uma forma de
dificuldade que me irrita, que o jogo repete mais que uma vez e é um
forma incrivelmente preguiçosa de o fazer, que consiste em remover
os teus poderes e obrigar-te a procura-los (novamente) numa secção
do nível. Pois, porque procurar upgrades para esses poderes é
uma diversão tão grande que vamos obriga-los a procura-los
novamente em vez de pensar em mais formas de desafiar o jogador com
todos os poderes…
O que me desaponta mais
disto tudo é que a maior parte do que o jogo oferece já foi visto
de uma forma outra e não traz nada de novo para o jogo. Caso isto
fosse bem feito, o resultado nem seria mau, mas neste caso não é
bem assim.
Oh! O Castelo! E... e...
e ali vai ele...
Bem, visualmente, não
posso dizer que o jogo seja feio, os gráficos estão bons e o estilo
não está muito longe do que eu considerava Castlevania. Mesmo que,
infelizmente, o tempo que passamos nele seja muito curto, quando este
aparece quase que parece que estamos a jogar um Castlevania. Se bem
que mesmo que os visuais estejam bem, dispensava as cutscenes
que ocupam uns poucos segundos do que às vezes são apenas
corredores. “Eu sei, é bonito, agora deixem-me avançar...”
O mesmo não posso dizer
da música, mesmo que atmosférica e dentro do tema, é muito
monótona para ser considerada boa. Sem melodias memoráveis, a
música é apenas passível.
A chicotada final
Quando penso que este
jogo representa o que agora é suposto ser Castlevania, fico triste,
sinto que uma parte icónica do mundo dos videojogos acabou… Um
gameplay decente, mas esgotado e um pouco aborrecido com falta
de alguns retoques. Uma história assim-assim, mas que tem algumas
falhas e com um visual apelativo mas uma banda sonora fraca. Deixa
uma experiência com muito a desejar. Não quer dizer no fundo que é um
jogo mau, mas é uma sombra do que o melhor do franchise já
teve.
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