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domingo, outubro 06, 2013

Análise: Europa Universalis IV

Analisado por Msights


Bem vindos ao mundo de Europa Universalis
     Europa Universalis IV é o jogo de estratégia em tempo real mais recente da Paradox Interactive, e o quarto da sua saga. Um grande jogo, e definitivamente um "must have" para qualquer amante de jogos de estratégia.
     Apesar de ser o quarto jogo de uma saga cuja receita não mudou muito ao longo do tempo Europa Universalis IV não só adiciona elementos novos como também muda em muitas coisas a mecânica do jogo tais como a colonização e o motor de simulação das batalhas. Vamos conhecer?


Escala Épica
     No início de uma campanha nova somos confrontados com o mapa do mundo e é nos pedido que seleccionemos não só a facção com a qual vamos jogar, como também uma data de início de jogo, sendo a mais antiga possível a data de 1444, perto do fim da guerra dos 100 anos entre Inglaterra e França. De facto se seleccionarmos qualquer uma dessas facções nessa data vamos começar o jogo em guerra, com uma grande desvantagem para a Inglaterra que requisita a ajuda do seu aliado português na guerra mal o jogo começa (jogadores preparem-se!).
     No menu que nos é apresentado na fase de selecção são-nos sugeridas algumas facções, 3 "fáceis" (Castela, França e Otomanos) e outras "interessantes" (estando Portugal incluído neste grupo), no entanto estas não são de todo as únicas nações que podemos seleccionar. A verdade é que podemos escolher qualquer facção no mundo para começar o jogo, em qualquer continente, tendo cada nação características únicas que a distinguem das outras. Isto faz com que o jogo nunca seja igual pois podemos jogar com facções cuja jogabilidade é diferente, relações diplomáticas com os vizinhos são diferentes, poderio militar é diferente, etc, etc. Para mais o multiplayer  deste jogo permite que joguem até 32 jogadores em tempo real (nada de esperar pela mudança de turno como na saga Total War), sendo que até podem jogar 2 ou mais pessoas com a mesma facção.
     Mas agora perguntam-se "Porque raios é que eu havia de querer jogar com a mesma facção que outra pessoa?! Quem manda no meu país sou eu!". A verdade é que apesar de no início (por norma) as nações serem muito pequenas (o que pode tornar esse tipo de jogo multiplayer cansativo) elas podem tornar-se muito, muito grandes, especialmente se for uma potência colonizadora como Portugal e Castela, ainda por cima com terras muito longe umas das outras criando um pesadelo de gestão a um nível "micro" (convidem amigos para jogar com vocês e pensem neles como os vossos vice-reis das colónias).
     No fim de contas jogar sozinho ou acompanhado é uma decisão que cabe ao gosto de cada um, porém este jogo promete horas e horas de diversão de qualquer uma das formas.


Um Jogo...Complexo
     Números, números, números! Controlar os mercados através do uso de mercadores e barcos é algo necessário neste jogo para que o nosso império possa prosperar, tal como a própria história nos ensina. Com uma aplicação inteligente de recursos um jogador consegue ganhar lucros altíssimos através do "Trade", como é dito no jogo. Para nações que se aventurem para a colonização os mercados terão um papel ainda maior visto que conseguirão controlar recursos muito preciosos e exóticos (qualquer produto que não se encontre na região do país que controlamos trará lucros muito altos), para mais se conseguirmos controlar o monopólio desse recurso em específico obteremos bónus muito lucrativos. Mas atenção pois a existência de uma grande fortuna pode suscitar a inveja em vizinhos poderosos.
     Existem muitos modos de mapa neste jogo entre os quais podemos alternar facilmente à medida que jogamos (região, político, religioso, esfera de influência, coligações, culturas aceites...), mas um dos mais úteis, e definitivamente um dos mais usados é o "Trade Map". Este mapa permite-nos ver a direcção das várias linhas de comércio e ver também os "trade nodes", nós nos quais podemos colectar o dinheiro presente lá (que deriva dos produtos que lá passam), ou então direccionar o comércio para um dos nós seguintes das linhas de comércio que emanam desse nó. Há apenas dois nós em todo o mundo dos quais não é possível desviar o comércio, são eles Antuérpia e Veneza. Estes dois são nós onde todas as linhas de comércio que lá chegam acabam, isto acontece para representar a grande importância comercial dos mercados presentes nestes portos. Mas claro, apesar de não podermos desviar o comércio desses nós...podemos sempre conquistá-los.
     A guerra é algo inerente a todo o bom jogo de estratégia, no entanto neste jogo somos confrontados com uma componente diplomática muito bem desenvolvida e aprofundada. Este não é o estilo de jogo onde podemos simplesmente fazer "steamroll" a tudo e todos e esperar que nada de mau aconteça, na verdade se conquistarmos à força muitos territórios ganhamos uma penalização de expansão agressiva o que leva muitas vezes à formação de coligações contra nós (acreditem, não é nada agradável). Estas coligações podem-se formar e desfazer com o tempo, e nós próprios podemos criar ou juntar-mo-nos a uma coligação contra alguém. As coligações implicam que quando um membro desse grupo ataca ou é atacado pelo alvo da coligação todos os membros do grupo entram em guerra contra esse alvo, claro que nada impede que o alvo da coligação tenha os seus próprios aliados prontos para o ajudar. Os aliados podem ser muito ou pouco confiáveis, tudo dependendo do poderio militar deles e da nossa relação com esse país que pode variar bastante ao longo dos anos dependendo das nossas acções (e deles) quer diplomáticas, quer militares. A qualquer instante também podemos abrir a janela diplomática dessa nação e ver exactamente como é que está a nossa relação, porque é que está assim, e também podemos deduzir coisas que podemos fazer caso queiramos melhorar ou piorá-la.
     As batalhas são simuladas no mapa de campanha em tempo real, um bocado ao estilo de Civilization. Fãs de jogos mais tácticos podem ao início sentir falta de comandar as suas próprias tropas contra os malvados inimigos do seu povo (eu sei que senti) mas é algo que rapidamente passa para plano secundário perante a imensidão do mundo de Europa Universalis IV. À medida que se joga e se ganha experiência também se começa a desenvolver uma melhor percepção das hipóteses de ganhar uma dada batalha, da importância do líder desse exército, a saber colocar o exército num local com um terreno vantajoso (montanhas ou deserto favorecem o defensor) e das vantagens que ter um nível de tecnologia militar mais elevado pode trazer numa guerra. Eu sempre fui um grande fã da saga Total War precisamente pelas batalhas e pela capacidade de comandar as minhas tropas da forma que queria num campo de batalha, no entanto quanto mais jogo este jogo menos isso me parece importante uma vez que o pensamento e o planeamento estratégico, e a diplomacia passam a ter um peso muito maior (aliás já sinto falta do tipo de diplomacia deste jogo quando pego num Total War).
     Mas como a guerra não é tudo durante o jogo surgem também muitos eventos, alguns bons outros menos bons. De qualquer forma na maior parte destes eventos temos uma opção de escolha no rumo que vamos seguir ou nos bónus (ou penalizações) que vamos ter, sendo que muitas vezes somos confrontados com uma escolha entre algo que tem efeitos bons e maus, ou algo que tem outros efeitos bons e outros efeitos maus. Estes eventos adicionam um certo sabor à história do jogo (muitos deles são inspirados em acontecimentos e decisões nacionais reais) e fazem com que coisas completamente inesperadas aconteçam, às vezes deixando-nos um sorriso na cara, outras vezes com vontade de dar uma pancada em qualquer coisa, como os cometas que nos tiram 1 de estabilidade quando aparecem...digamos que é algo importante, e caro.
     Mas nem tudo é mau, aliás muitos destes eventos têm respostas engraçadas e sarcásticas que nos irão surpreender de cada vez que jogarmos o jogo; especialmente se jogarmos com Portugal vamos ter alguns eventos relacionados com a Universidade de Coimbra que nos fazem rir alto.
     Estes eventos são "omnipresentes" ao longo do jogo e podem atrasar ou acelerar os nossos planos para a conquista do mundo, mas o jogo não seria o mesmo sem eles, para além de terem piada também criam uma história dinâmica ajudando a criar um mundo sempre diferente de cada vez que jogamos.


Música Ambiente e Mapas Espectaculares
     A música é uma parte essencial de qualquer jogo e este jogo entrega um conjunto musical muito agradável e que se mistura bem com o jogo, aliás não é só agradável como também é necessária visto que muitas vezes a música e os efeitos sonoros são indicadores bastante úteis de eventos a acontecer pelo mundo fora, ou por exemplo se alguém nos declara guerra. Tendo em conta que passado 1 ou 2 séculos o nosso império provavelmente já não cabe todo no ecrã ao mesmo tempo a música e os efeitos sonoros tornam-se essenciais para controlar o nosso território e saber o que se está a passar.
     Todo o mapa do jogo está muito bem desenhado num estilo que se adapta a todo o ambiente épico e clássico da música e do jogo em si, especialmente se jogarmos em ultra conseguimos ver muitos pormenores no relevo dos territórios. Também podemos fazer zoom-in com a roda do rato de forma a conseguirmos ver os avatares dos nossos exércitos e frotas com grande pormenor, chegando mesmo ao ponto em que conseguimos distinguir se uma facção está muito à frente ou para trás em tecnologia militar dependendo das roupas que os avatares usam, descansem que não é preciso ser nenhum designer para perceber as diferenças.
     Quanto à música deixo apenas um aviso, da primeira vez que começamos o jogo ela está MUITO alta, mesmo muito alta, por isso tenham cuidado se usarem fones e tiverem o volume do computador no máximo. Sugiro que mal o jogo dê a oportunidade vão às opções do áudio e diminuam o nível de "Master" até encontrarem um volume apropriado para vocês.


E chegamos ao fim
     Este jogo pode ter o nome de Europa Universalis mas lembrem-se que a Europa é apenas uma pequena parte do mundo de "sandbox" criado pela Paradox Interactive. É um jogo muito bem desenvolvido que só tem espaço para melhorar e crescer. Aliás se comprarem o jogo pela Steam, caso queiram alterar algo no jogo (algo pequeno ou mesmo o mapa todo) basta ir à steam workshop deste jogo e subscrever a qualquer um dos "mods" que desejarem, a transferência será feita imediatamente. É também de referir que caso tenham o jogo Crusader Kings II podem exportar todo o vosso jogo para o Europa Universalis facilmente e continuar a vossa campanha.
     Como já referi, um jogo que qualquer fã de estratégia vai adorar. Tem um passo um bocado mais lento que muitos outros jogos (a velocidade pode ser ajustada) mas para compensar tem também uma profundidade como poucos outros têm; para além de nos emergir completamente no jogo, facilmente passando horas e horas à frente do computador.

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