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sexta-feira, março 07, 2014

Análise: Banished

Analisado por InfamyKing


Nos tempos medievais… a vida era difícil como o caneco!

Banished é um jogo que envolve, maioritariamente, quatro dos meus géneros favoritos: city-building, strategy, sandbox & survival, com um toque especial de tempos medievais à mistura. Este, pensado e criado por uma única pessoa, Luke Hodorowicz sob o nome do estúdio Shining Rock Software, tem-se revelado uma autêntica pérola, principalmente depois do desapontamento que foi o lançamento de um jogo cujo nome ainda não me atrevo a pronunciar…
De qualquer das formas, Banished apresenta um conceito que nunca experimentei num city-builder: a sobrevivência do teu povo (peço já desculpa aos fãs de Dwarf Fortress mas ainda não me deu para tentar descodificar a UI…). Exatamente, pois tudo no jogo estará a tentar levar a tua cidade e os seus habitantes para a morte certa. Vamos mas é ver como é que isso correu.



O mundo é teu, TOOODO teu!

Banished, honrando o género sandbox, não tem uma história definida, nem na forma de uma campanha. Só sabes que, no início de cada partida, os habitantes da tua (futura) cidade foram expulsos da sua terra natal e como tal estão à procura de um novo local ao qual chamar de lar. A partir daí, todas as tuas ações é que vão definir a história da tua vila e o destino dos seus habitantes. Tens, no entanto, uma série de tutoriais que te vão ajudar (E MUITO) a perceber algumas das mecânicas do jogo e ensinar com o que é que tu te deverás preocupar primeiro ao desenvolver a tua cidade, tal como os perigos que enfrentarás.



Winter is truly coming…

Em Banished, tu estarás numa luta constante contra a Natureza. Não há guerras ou qualquer tipo de confrontos com outras civilizações. Não há monstros fantásticos, heróis e masmorras à espera de serem conquistadas. Apenas te tens a ti, aos teus cidadãos e a força cruel e impiedosa da Natureza. O teu primeiro inverno é apenas o começo, mas se não te preparares bem, arriscas-te a ficar por aí. Tens também de te preocupar com a constante necessidade de alimento, para não falar de habitações, aquecimento, até mesmo a sua saúde. Admito, nas primeiras rondas o jogo poderá ser um pouco stressante, ao veres todo o teu trabalho árduo ir pelo cano abaixo por causa daquele idiota que estava a cortar lenha e se esqueceu de sair do caminho da árvore, levando a uma falta de madeira para produzir lenha, que leva a que a população deixe de se conseguir manter quente, levando à morte de um ou dois indivíduos, que, por acaso, eram os responsáveis pela caça, levando também à falta de comida, obrigando-te a observar, sem poderes fazer nada para o evitar, a morte de toda a tua população… E são este tipo de situações, este desafio constante que me levam a pôr um sorriso na cara e a tentar novamente.
Ora, os teus cidadãos começam com um conjunto de recursos (e habitações, dependendo da dificuldade escolhida) e a partir daí… bem, tu é que sabes! Podes construir qualquer edifício desde o início do jogo, desde que tenhas materiais para tal. O jogo não te impõe qualquer barreira neste aspeto. Irás construir docas? Terras de cultivo? Quintas? Irás escolher por começar a recolher bagas da floresta ou a caçar animais? Também não te podes esquecer que tens que armazenar e recolher materiais, como madeira, pedra e ferro, que te vão ajudar a produzir lenha para resistir ao frio, construir casas para albergar os teus habitantes e edifícios que (talvez) facilitarão a sua sobrevivência, produzir ferramentas, roupas, garantir a sua saúde, e uma grande série de outras opções. Não existe uma maneira “certa” de jogar o jogo, mas digo-vos com certeza que existem muitas maneiras erradas… algumas das minhas cidades podem servir de testemunhas. O facto de o mundo ser gerado processualmente no início de cada partida leva a que tenhas de aplicar táticas diferentes de cada vez que jogas. E vais aprender, lentamente, tal como eu, a descobrir o que é que funciona e o que certamente não funciona.
É importante referir que tu não controlas diretamente os teus cidadãos. É mais do estilo, tu apresentas-lhes tarefas, as quais eles poderão executar (ou não, se não estiverem para aí virados), ou atribuis-lhes cargos específicos, como cortar lenha, construir edifícios ou ir cuidar das galinhas. Isto também é um fator importante na atração que este jogo exerce em mim: não és tu que estás a construir e cuidar desta cidade; são eles. E isto pode-te levar a criar umas ligações emocionais a estas personagens digitais, como a velhota maluca herbalista que vive no meio da floresta, ou os construtores que estão constantemente a tirar pausas para o almoço. Estes fatores e muito mais levam-me a querer que eles consigam vencer, a atingir o seu objetivo de criar um bom lar.
Ah, já me esquecia, tens também alertas importantes que te indicam o estado de cada um dos teus cidadãos, como se estão famintos, a morrer de frio, se morreram de velhice ou de alguma praga que te esteja a “limpar” a cidade… Na maior parte dos casos, estes avisos já virão tarde de mais. Banished é um jogo que favorece bastante os ultra-preparados e os que planificam bem o crescimento da sua cidade.



Simples mas eficaz!

A apresentação do jogo é muito simples. Os gráficos não são nada de muito especial mas a simplicidade destes é também o que me atrai neste. A Primavera chega e as árvores rejuvenescem; o Inverno volta e neve branca cobre as planícies e o telhado das casas, dando um sentimento de serenidade mortífera a todo o ambiente. A música é relaxante e os efeitos sonoros também são básicos, mas mesmo assim ajudam a envolveres-te neste mundo, nunca te distraindo, o que para mim também é bastante importante. Vá, sendo honesto, por acaso até dei por mim várias vezes a admirar o regresso da Primavera e do cantar dos pássaros depois de um Inverno bem longo, enquanto os meus cidadãos estavam a começar a ficar com problemas de comida…
A interface também não é muito elaborada, embora acredito que a quantidade de trabalho com números e estatísticas não seja o prato preferido de muita gente no que toca a jogos. Para mim, pelo menos, sempre me ajudaram a perceber um pouco mais o que se anda a passar com a minha cidade. E também já ajudaram a prevenir algumas catástrofes, como também a causar algumas (intencionais e não-intencionais).


Tudo o que tem um início, também tem um fim...

… Ou nem tudo, se fores bom o suficiente a manter a tua população viva. A verdade é que este jogo não é para todos. É um jogo que te vai estar constantemente a desafiar, principalmente se não o aprenderes a jogar. É um jogo feito de pequenas vitórias, de pequenos avanços, da alegria que te dará poder, por exemplo, construir uma escola para educares a tua população. Tem os seus pequenos problemas, mas consegue-se ultrapassá-los. Para não falar que o criador está neste momento a desenvolver ferramentas para se conseguir modificar o jogo e permitir à comunidade adicionar ainda mais elementos de jogabilidade! Como se o jogo já não tivesse imenso replay value que chegasse!
Bem, todas as mecânicas presentes levam, em conjunção, à criação de histórias fantásticas, levando também à criação de laços fortes com os pequenos habitantes que estão apenas a tentar sobreviver da melhor forma que podem. Se gostas de city-builders que dão liberdade para jogares como achares melhor e, ao mesmo, te oferecem um desafio constante, aconselho-te a dares uma volta no mundo de Banished.

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