Análise: Banished
Analisado por InfamyKing
Nos tempos medievais… a vida era difícil como o caneco!
Banished é um
jogo que envolve, maioritariamente, quatro dos meus géneros favoritos: city-building, strategy, sandbox & survival, com um toque especial de
tempos medievais à mistura. Este, pensado e criado por uma única pessoa, Luke
Hodorowicz sob o nome do estúdio Shining
Rock Software, tem-se revelado uma autêntica pérola, principalmente depois
do desapontamento que foi o lançamento de um jogo cujo nome ainda não me atrevo
a pronunciar…
De qualquer
das formas, Banished apresenta um conceito que nunca experimentei num city-builder: a sobrevivência do teu povo
(peço já desculpa aos fãs de Dwarf Fortress mas ainda não me deu para tentar descodificar
a UI…). Exatamente, pois tudo no jogo estará a tentar levar a tua cidade e os
seus habitantes para a morte certa. Vamos mas é ver como é que isso correu.
Banished,
honrando o género sandbox, não tem
uma história definida, nem na forma de uma campanha. Só sabes que, no início de
cada partida, os habitantes da tua (futura) cidade foram expulsos da sua terra
natal e como tal estão à procura de um novo local ao qual chamar de lar. A
partir daí, todas as tuas ações é que vão definir a história da tua vila e o
destino dos seus habitantes. Tens, no entanto, uma série de tutoriais que te
vão ajudar (E MUITO) a perceber algumas das mecânicas do jogo e ensinar com o
que é que tu te deverás preocupar primeiro ao desenvolver a tua cidade, tal
como os perigos que enfrentarás.
Em Banished,
tu estarás numa luta constante contra a Natureza. Não há guerras ou qualquer tipo
de confrontos com outras civilizações. Não há monstros fantásticos, heróis e
masmorras à espera de serem conquistadas. Apenas te tens a ti, aos teus
cidadãos e a força cruel e impiedosa da Natureza. O teu primeiro inverno é apenas
o começo, mas se não te preparares bem, arriscas-te a ficar por aí. Tens também
de te preocupar com a constante necessidade de alimento, para não falar de
habitações, aquecimento, até mesmo a sua saúde. Admito, nas primeiras rondas o
jogo poderá ser um pouco stressante, ao veres todo o teu trabalho árduo ir pelo
cano abaixo por causa daquele idiota que estava a cortar lenha e se esqueceu de
sair do caminho da árvore, levando a uma falta de madeira para produzir lenha,
que leva a que a população deixe de se conseguir manter quente, levando à morte
de um ou dois indivíduos, que, por acaso, eram os responsáveis pela caça, levando
também à falta de comida, obrigando-te a observar, sem poderes fazer nada para
o evitar, a morte de toda a tua população… E são este tipo de situações, este
desafio constante que me levam a pôr um sorriso na cara e a tentar novamente.
Ora, os teus
cidadãos começam com um conjunto de recursos (e habitações, dependendo da
dificuldade escolhida) e a partir daí… bem, tu é que sabes! Podes construir
qualquer edifício desde o início do jogo, desde que tenhas materiais para tal.
O jogo não te impõe qualquer barreira neste aspeto. Irás construir docas?
Terras de cultivo? Quintas? Irás escolher por começar a recolher bagas da
floresta ou a caçar animais? Também não te podes esquecer que tens que
armazenar e recolher materiais, como madeira, pedra e ferro, que te vão ajudar
a produzir lenha para resistir ao frio, construir casas para albergar os teus
habitantes e edifícios que (talvez) facilitarão a sua sobrevivência, produzir
ferramentas, roupas, garantir a sua saúde, e uma grande série de outras opções.
Não existe uma maneira “certa” de jogar o jogo, mas digo-vos com certeza que
existem muitas maneiras erradas… algumas das minhas cidades podem servir de
testemunhas. O facto de o mundo ser gerado processualmente no início de cada
partida leva a que tenhas de aplicar táticas diferentes de cada vez que jogas. E
vais aprender, lentamente, tal como eu, a descobrir o que é que funciona e o
que certamente não funciona.
É importante
referir que tu não controlas diretamente os teus cidadãos. É mais do estilo, tu
apresentas-lhes tarefas, as quais eles poderão executar (ou não, se não
estiverem para aí virados), ou atribuis-lhes cargos específicos, como cortar
lenha, construir edifícios ou ir cuidar das galinhas. Isto também é um fator
importante na atração que este jogo exerce em mim: não és tu que estás a
construir e cuidar desta cidade; são eles. E isto pode-te levar a criar umas
ligações emocionais a estas personagens digitais, como a velhota maluca
herbalista que vive no meio da floresta, ou os construtores que estão
constantemente a tirar pausas para o almoço. Estes fatores e muito mais
levam-me a querer que eles consigam vencer, a atingir o seu objetivo de criar
um bom lar.
Ah, já me
esquecia, tens também alertas importantes que te indicam o estado de cada um
dos teus cidadãos, como se estão famintos, a morrer de frio, se morreram de
velhice ou de alguma praga que te esteja a “limpar” a cidade… Na maior parte
dos casos, estes avisos já virão tarde de mais. Banished é um jogo que favorece
bastante os ultra-preparados e os que planificam bem o crescimento da sua
cidade.
A apresentação do jogo é muito simples. Os gráficos não são nada de muito especial mas a simplicidade destes é também o que me atrai neste. A Primavera chega e as árvores rejuvenescem; o Inverno volta e neve branca cobre as planícies e o telhado das casas, dando um sentimento de serenidade mortífera a todo o ambiente. A música é relaxante e os efeitos sonoros também são básicos, mas mesmo assim ajudam a envolveres-te neste mundo, nunca te distraindo, o que para mim também é bastante importante. Vá, sendo honesto, por acaso até dei por mim várias vezes a admirar o regresso da Primavera e do cantar dos pássaros depois de um Inverno bem longo, enquanto os meus cidadãos estavam a começar a ficar com problemas de comida…
A interface
também não é muito elaborada, embora acredito que a quantidade de trabalho
com números e estatísticas não seja o prato preferido de muita gente no que
toca a jogos. Para mim, pelo menos, sempre me ajudaram a perceber um pouco mais
o que se anda a passar com a minha cidade. E também já ajudaram a prevenir
algumas catástrofes, como também a causar algumas (intencionais e não-intencionais).
… Ou nem tudo, se fores bom o suficiente a manter a tua população viva. A verdade é que este jogo não é para todos. É um jogo que te vai estar constantemente a desafiar, principalmente se não o aprenderes a jogar. É um jogo feito de pequenas vitórias, de pequenos avanços, da alegria que te dará poder, por exemplo, construir uma escola para educares a tua população. Tem os seus pequenos problemas, mas consegue-se ultrapassá-los. Para não falar que o criador está neste momento a desenvolver ferramentas para se conseguir modificar o jogo e permitir à comunidade adicionar ainda mais elementos de jogabilidade! Como se o jogo já não tivesse imenso replay value que chegasse!
Bem, todas as
mecânicas presentes levam, em conjunção, à criação de histórias fantásticas,
levando também à criação de laços fortes com os pequenos habitantes que estão
apenas a tentar sobreviver da melhor forma que podem. Se gostas de city-builders que dão liberdade para
jogares como achares melhor e, ao mesmo, te oferecem um desafio constante, aconselho-te
a dares uma volta no mundo de Banished.
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